Todos os anos, sempre na mesma época, acontece a chuva de meteoros Quadrântidas, entre os dias 28 de dezembro e 7 de janeiro, mas é entre os dias 3 e 4 de janeiro que ocorre seu pico - momento em que a maior quantidade de meteoros pode ser observada.
E não são poucos: cerca de 120 meteoros podem riscar o céu a cada hora, ou seja, temos uma média de 1 meteoro pra cada 30 segundos. Mas é claro que essa taxa é esperada para o hemisfério norte, além de ser necessário céu escuro, livre de poluição luminosa e de nuvens, o que é bastante difícil para os países do hemisfério norte durante essa época do ano.
No hemisfério sul também é possível observar a chuva Quadrantidas, porém, a taxa de meteoros cai para cerca de 25 meteoros por hora. De acordo com a Sociedade Americana de Meteoros, podemos esperar essa quantidade de aproximadamente 25 meteoros por hora em todo o globo.
Meteoro Quadrantídeo registrado em 2014 junto com auroras boreais.
Créditos: Tommy Eliassen Photography
O motivo da chuva de meteoros Quadrantidas ser melhor observada no hemisfério norteé que seu radiante (região do céu onde os meteoros parecem surgir) fica bem próximo das constelações de Ursa Menor e Ursa Maior.
Isso não significa que no hemisfério sul (como no Brasil, por exemplo) será impossível sua observação, mas sim que veremos uma quantidade muito menor de meteoros, como dito logo acima.
A Lua por estar muito próxima do Sol (quase na fase Nova) não deverá atrapalhar a observação da chuva nesse ano.
No Brasil, observadores do norte e nordeste do país serão privilegiados, já que as constelações boreais (do norte) ganham certa altura no céu de algumas regiões.
Como observar a chuva de meteoros Quadrantidas 2019?
O melhor horário para observaçãoé a partir das 02h00 (horário local) até antes do amanhecer entre os dias 03 e 04 de janeiro.
Olha para a direção norte/nordeste do céu, pois é de lá que os meteoros irão se originar. O radiante encontra-se entre as constelações de Draco, Bootes e Ursa Major, como vemos na imagem abaixo:
Radiante da chuva de meteoros Quadrântidas vista a partir de Nova Deli, Índia.
Créditos: SETLLARIUM / Edição: Galeria do Meteorito
A esteira de fragmentos responsável por essa chuva de meteoros é bastante espessa, porém muito estreita. Isso significa que a taxa de meteoros será alta, mas bem localizada próximo do radiante, com duração curta. Pouquíssimos meteoros da chuva Quadrantidas riscam o céu longe de seu radiante.
Transmissão ao vivo - Chuva de Meteoros Quadrantidas 2019
Na noite de 03 de janeiro teremos uma transmissão ao vivo com imagens em tempo real capturadas a partir de câmeras de monitoramento. A live estará disponível logo abaixo e também no nosso canal no YouTube.
Participem pelo chat pois estaremos tirando dúvidas de como observar o pico de hoje! Basta clicar no vídeo para ser redirecionado(a) ao YouTube.
Por que o nome Quadrântidas?
As chuvas de meteoros geralmente são nomeadas de acordo com a constelação onde encontra-se o radiante, como as Orionidas ocorre na constelação de Orion, Geminidas na constelação de Gêmeos, etc... Mas não existe nenhuma constelação chamada "Quadrante", correto?
Atualmente não existe, mas no passado havia uma constelação chamada Quadrans Muralis, que em 1922 foi incorporada na constelação de Bootes (Boieiro).
Antiga constelação de Quadrans Muralis.
Créditos: Atlas Coelestis
Quadrante era um instrumento montado em uma parede, utilizado para medir ângulos no céu. O mais famoso astrônomo do século 16, Tycho Brahe, usou um grande quadrante em seu observatório dinamarquês Uraniborg para medir precisamente as posições planetárias, que Johannes Kepler usou posteriormente para desenvolver suas três leis do movimento planetário.
Em 1795, Lalande criou uma pequena constelação entre Boötes e Draco que ele chamou de Quadrans Muralis, mas quando a IAU (União Astronômica Internacional) definiu a lista das 88 constelações oficias em 1922, a Quadrans Muralis não foi inclusa, e hoje em dia seu nome só sobrevive nessa chuva de meteoros.
Origem misteriosa
Normalmente, as chuvas de meteoros são causadas por fragmentos de cometas que colidem com a atmosfera da Terra. Mas no caso da chuva Quadrântidas, ninguém sabe ao certo o que a originou.
Em 2003, o astrônomo Peter Jenniskens tentou identificar o objeto responsável pela chuva Quadrântidas como o asteroide 2003 EH1.
A cerca de 500 anos atrás, astrônomos chineses, japoneses e coreanos observaram o cometa C/1490 Y1, que poderia ser o "pai" da chuva Quadrântidas. Esse cometa pode ainda ser o mesmo objeto avistado pelo astrônomo Peter Jenniskens, que foi avaliado por ele como um asteroide. Até o momento, a origem dos fragmentos que resultam na anual chuva de meteoros Quadrantidas ainda é desconhecida. Talvez sua origem permaneça pra sempre como um grande mistério.
Imagens: (capa-Scott Kuhn Photography/divulgação) / Tommy Eliassen Photography / STELLARIUM / Galeria do Meteorito / Atlas Coelestis
03/01/19
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