Por que um satélite secreto ficaria circundando a ISS?
No dia 1º de maio de 2017, a SpáceX lançou no Cabo Canaveral, EUA, um satélite secreto - USA 276. Nem o governo norte-americano, nem a empresa privada de transporte espacial divulgou qualquer informação sobre o curioso satélite, mas analistas e pesquisadores ao redor do mundo se interessaram em acompanhar a potencial nave espiã, e perceberam algo interessante: a órbita do USA 276 era semelhante à da Estação Espacial Internacional (ISS), e teoricamente, poderia fazer abordagens muito próximas ao posto avançado em órbita.
E no dia 3 de junho, foi exatamente isso que aconteceu. "USA 276 fez uma abordagem próxima e efetivamente circundou a ISS", relata Marco Langbroek, de Leiden, na Holanda. Ele preparou este diagrama mostrando as circunstâncias do encontro:
Os observadores de satélites amadores têm acompanhado o USA 276 desde seu lançamento, e suas observações resultaram em estimativas cada vez melhores sobre a trajetória do satélite.
"Com os dados mais recentes incluídos, podemos estabelecer o momento da máxima aproximação ocorrida em 3 de junho de 2017 - 14:01:52 UTC. Aconteceu à luz do dia sobre o Atlântico Sul a norte das Malvinas, na coordenada de 43o.75 S, 45o.45 O, com um erro de apenas 6,4 ± 2 km ".
No diagrama acima, o retângulo avermelhado tem dimensões de 4 x 4 x 10 km. Sempre que um objeto parece que vai passar por essa caixa, os controladores da missão ISS avaliam a possibilidade de uma manobra para evitar uma colisão. "USA 276 permaneceu fora desse raio de 4 x 4 x 10 km mesmo durante sua máxima aproximação", observa Langbroek. "Como resultado, as manobras para se evitar uma colisão não foram necessárias."
Um satélite espião?
Por que um satélite americano misterioso iria espionar a Estação Espacial Internacional? Uma possibilidade diz que isso seria apenas uma coincidência. Talvez seja um encontro casual. O analista sênior de satélites, Ted Molczan, publicou argumentos a favor e contra essa possibilidade. "Estou inclinado a acreditar que os encontros entre o satélite USA 276 e a ISS são intencionais", diz ele.
Molczan aponta que a nave USA 276 pode estar visitando a ISS para testar o Raven - um projeto de demonstração tecnológica para os pesquisadores da ISS, com o intuito de desenvolver um sistema de piloto automático espacial. O Raven (que em inglês significa Corvo, mas pode ser usado como o verbo saquear/roubar) seria baseado em sensores que operam na luz visível, no infravermelho e no LIDAR, que podem rastrear naves espaciais em aproximação, enviando dados para um processador integrado para que um encontro ou uma acoplagem possa ser feita no modo automático.
Molczan diz ainda que "se pode fazer um encontro, a nave pode também permanecer estacionária por longos períodos, mudando sua altitude para realizar observações a partir de vários pontos de vista, sob uma variedade de condições de iluminação".
O polêmico satélite USA 276 é visível a olho nu no céu noturno. Langbroek conseguiu registrá-lo:
USA 276_NROL76_24 May 2017 pass 1 from Marco Langbroek on Vimeo.
Apesar de não existirem até o momento informações oficias sobre o intrigante satélite secreto USA 276, já podemos ter uma ideia de qual seria sua missão principal, graças a dedicados pesquisadores e observadores, que estarão de olho se novos encontros com a ISS irão ocorrer daqui pra frente.
Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / sattrackcam / Marco Langbroek
09/06/17
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No dia 1º de maio de 2017, a SpáceX lançou no Cabo Canaveral, EUA, um satélite secreto - USA 276. Nem o governo norte-americano, nem a empresa privada de transporte espacial divulgou qualquer informação sobre o curioso satélite, mas analistas e pesquisadores ao redor do mundo se interessaram em acompanhar a potencial nave espiã, e perceberam algo interessante: a órbita do USA 276 era semelhante à da Estação Espacial Internacional (ISS), e teoricamente, poderia fazer abordagens muito próximas ao posto avançado em órbita.
E no dia 3 de junho, foi exatamente isso que aconteceu. "USA 276 fez uma abordagem próxima e efetivamente circundou a ISS", relata Marco Langbroek, de Leiden, na Holanda. Ele preparou este diagrama mostrando as circunstâncias do encontro:
Ilustração artística da aproximação entre o satélite espião USA 276 e a Estação Espacial Internacional.
Créditos: sattrackcam
Os observadores de satélites amadores têm acompanhado o USA 276 desde seu lançamento, e suas observações resultaram em estimativas cada vez melhores sobre a trajetória do satélite.
"Com os dados mais recentes incluídos, podemos estabelecer o momento da máxima aproximação ocorrida em 3 de junho de 2017 - 14:01:52 UTC. Aconteceu à luz do dia sobre o Atlântico Sul a norte das Malvinas, na coordenada de 43o.75 S, 45o.45 O, com um erro de apenas 6,4 ± 2 km ".
No diagrama acima, o retângulo avermelhado tem dimensões de 4 x 4 x 10 km. Sempre que um objeto parece que vai passar por essa caixa, os controladores da missão ISS avaliam a possibilidade de uma manobra para evitar uma colisão. "USA 276 permaneceu fora desse raio de 4 x 4 x 10 km mesmo durante sua máxima aproximação", observa Langbroek. "Como resultado, as manobras para se evitar uma colisão não foram necessárias."
Créditos: sattrackcam
Um satélite espião?
Por que um satélite americano misterioso iria espionar a Estação Espacial Internacional? Uma possibilidade diz que isso seria apenas uma coincidência. Talvez seja um encontro casual. O analista sênior de satélites, Ted Molczan, publicou argumentos a favor e contra essa possibilidade. "Estou inclinado a acreditar que os encontros entre o satélite USA 276 e a ISS são intencionais", diz ele.
Molczan aponta que a nave USA 276 pode estar visitando a ISS para testar o Raven - um projeto de demonstração tecnológica para os pesquisadores da ISS, com o intuito de desenvolver um sistema de piloto automático espacial. O Raven (que em inglês significa Corvo, mas pode ser usado como o verbo saquear/roubar) seria baseado em sensores que operam na luz visível, no infravermelho e no LIDAR, que podem rastrear naves espaciais em aproximação, enviando dados para um processador integrado para que um encontro ou uma acoplagem possa ser feita no modo automático.
Molczan diz ainda que "se pode fazer um encontro, a nave pode também permanecer estacionária por longos períodos, mudando sua altitude para realizar observações a partir de vários pontos de vista, sob uma variedade de condições de iluminação".
O polêmico satélite USA 276 é visível a olho nu no céu noturno. Langbroek conseguiu registrá-lo:
Apesar de não existirem até o momento informações oficias sobre o intrigante satélite secreto USA 276, já podemos ter uma ideia de qual seria sua missão principal, graças a dedicados pesquisadores e observadores, que estarão de olho se novos encontros com a ISS irão ocorrer daqui pra frente.
Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / sattrackcam / Marco Langbroek
09/06/17
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