O enigmático meteorito pode ter vindo de um dos maiores objetos do Sistema Solar
Uma equipe de cientistas gerenciada pela 'Southwest Research Institute' parece ter finalmente encontrado a resposta para o misterioso meteorito 'Almahata Sitta' que caiu no Sudão em 2008.
Na realidade o fragmento que ganhou o nome de 'Almahata Sitta' fazia parte do asteroide 2008 TC3 (8TA9D69).
A NASA já tinha identificado esse asteroide antes mesmo dele colidir com a Terra, e logo que ele entrou na atmosfera sobre o Sudão, as buscas começaram gerando uma verdadeira caçada.
O meteorito é do tipo condrito carbonáceo, ou seja, possui componentes orgânicos, minerais diversos e água.
"Os meteoritos condritos carbonáceos são registros da atividade geológica nas primeiras etapas do Sistema Solar, e trazem informações sobre o histórico dos seus corpos parentais", explicou Vicky Hamilton, principal autora do estudo, que foi publicado na revista Nature Astronomy.
No caso do 'Almahata Sitta', a amostra revelou uma composição mineral singular, com quantidades de minerais hidratados diversos, entre eles, o anfibólio - um mineral rico em silicatos que é muito raro nos meteoritos condritos carbonáceos.
Imagem de micrografia colorida artificialmente, que mostra os inesperados cristais de anfibólio em laranja.
Créditos: NASA / USRA / Lunar and Planetary Institute
Segundo a Dra. Hamilton, alguns meteoritos têm grande quantidade de minerais que fornecem evidências de exposição à água a baixas temperaturas e pressões, enquanto a composição de outros meteoritos aponta para o aquecimento e ausência de água.
E esse é justamente o mistério desse meteorito, já que o anfibólioé mais comum na Terra, e só tinha sido identificado em quantidades mensuráveis no meteorito Allende - o maior condrito carbonáceo já encontrado.
Acontece que anfibólio é um mineral que costuma ser formado em temperaturas e pressões intermediárias, além de demorar muito até sofrer alterações aquosas em um asteroide de grandes dimensões.
Na prática, isso significa que o meteorito surgiu a partir de um grande asteroide parental que não havia liberado meteoritos antes, com tamanho semelhante a Ceres, um planeta anão.
Segundo o estudo, as missões Hayabusa2 e OSIRIS-REx, que coletaram amostras dos asteroides Ryugu e Bennu, respectivamente, podem revelar ainda mais minerais que dificilmente são encontrados em meteoritos.
"Se as composições das amostras da Hayabusa2 e OSIRIS-REx forem diferentes das que temos em nossas coleções de meteoritos, pode ser que suas propriedades físicas façam com que não sobrevivam à ejeção, trânsito e entrada na atmosfera da Terra pelo menos no contexto geológico original", finalizou Hamilton.
Imagens: (capa-BBC) / NASA / USRA / Lunar and Planetary Institute / divulgação
07/01/2021
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