Astrônomos detectaram ondas gravitacionais resultantes da colisão entre um buraco negro e um objeto enigmático que ainda não sabemos o que é afinal
Com dados dos observatórios Ligo, nos Estados Unidos, e Virgo, na Europa, astrônomos detectaram ondas gravitacionais geradas pela colisão de um buraco negro com um objeto misterioso, que ninguém conseguiu compreender.
O estudo publicado no dia 23 de julho de 2020 no 'The Astrophysical Journal Letters', descreve o fenômeno que envolve um astro com 2,6 massas solares, valor que se encaixa na chamada "lacuna de massa".
Para entendermos como funciona a escala de explosões e seus resultados, é assim:
- Quando estrelas massivas morrem, elas colapsam sob sua própria gravidade e se transformam em buracos negros;
- Quando estrelas menos massivas morrem, elas explodem em supernovas e deixam para trás uma estrela de nêutrons.
O problema é que esse objeto que colidiu com o buraco negro em questão não é nenhuma coisa, nem outra!
A estrela de nêutrons mais pesada conhecida tem 2,5 massas solares, enquanto o buraco negro mais leve já encontrado tem cerca de cinco vezes a massa do Sol. Os astros com massa entre esses valores estão dentro do que os especialistas chamam de "lacuna da massa", que ainda é um mistério para a ciência.
"Fusões de natureza mista (buracos negros e estrelas de nêutrons) são previstas há décadas, mas esse objeto compacto na lacuna de massa é uma grande surpresa", disse Vicky Kalogera, coautora do estudo, em um comunicado. "Estamos realmente aprimorando nosso conhecimento sobre objetos compactos de baixa massa."
O evento denominado GW190814 relata a fusão cósmica que resultou em um buraco negro final com cerca de 25 vezes a massa do Sol, distante aproximadamente 800 milhões de anos-luz da Terra.
Ilustração artística do objeto misterioso que colidiu com um buraco negro (evento GW190814).
Créditos: Alex Andrix / Virgo / EGO - European Gravitational Observatory / AFP
Antes da fusão dos dois objetos, o buraco negro continha nove vezes a massa do outro astro. Isso também chamou atenção dos cientistas, já que a diferença geralmente é menor.
"Essa descoberta mostra que esses eventos ocorrem com muito mais frequência do que prevíamos", ponderou Kalogera.
É importante lembrar que o fenômeno não foi detectado por instrumentos que captam luz, ou seja: não temos imagens desse evento. Os dados que temos vieram dos observatórios Ligo e Virgo, que buscam ondas gravitacionais, que ocorrem quando temos colisões de objetos gigantescos.
Mas como explicar a falta de luminosidade? Segundo os cientistas, existem algumas teorias:
- A distância da Terra;
- A grande diferença de tamanho entre os astros;
- A rapidez do evento, que "engoliu" o outro objeto.
O coautor do estudo, Pedro Marronetti, explica que a descoberta não pode ser compreendida sem desafiar nosso conhecimento da matéria densa e da evolução das estrelas: "Essa observação é mais um exemplo do potencial transformador do campo astronômico das ondas gravitacionais, que traz novas ideias a cada detecção", afirmou o especialista, em comunicado.
Imagens: (capa-ilustração/Virgo/EGO) / Alex Andrix / Virgo / EGO - European Gravitational Observatory / AFP / divulgação
29/06/2020
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