A quarta frota de satélites Starlink foi lançada em 28 de janeiro às 14:28 UTC. Isso eleva o número total de satélites Starlink em órbita para 240, e claro, deixando observadores do céu consternados em todo o mundo.
A SpaceX está montando a mega-constelação de satélites, os chamados Starlink, com o objetivo de fornecer internet banda larga de alta velocidade para locais onde o acesso não existe, é caro ou não confiável. Inicialmente, 1.587 satélites Starlink serão colocados em órbita até o final de 2020.
Por fim, mais de 40.000 satélites estarão em órbita baixa fornecendo internet via satélite para todo o globo. Mas além da internet, os satélites Starlink também produzem uma poluição diferente, que arruína diversas observações deixando riscos brilhantes em fotografias do céu noturno e ofuscando objetos distantes quando estes são observados através de grandes observatórios.
"Os novos satélites são mais brilhantes do que praticamente todos os 18.000 objetos no catálogo público", diz Patrick Seitzer da Universidade de Michigan.
A Sociedade Astronômica Americana (AAS), a União Astronômica Internacional (IAU) e a própria SpaceX estão trabalhando para entender qual será o impacto real e os efeitos que os satélites Starlink terão na pesquisa científica.
Uma possível solução para esse grande problema seria o chamado "DarkSat", Lançado em 7 de janeiro, o DarkSat tem um revestimento especial projetado para escurecer partes do satélite para que não reflitam ou dispersem a luz do Sol com tanta intensidade.
"A expectativa é de algumas magnitudes de escurecimento da banda V (caindo assim abaixo do limite do olho nu)", disse Joel Parriott, da Sociedade Astronômica Americana.
Os satélites lançados em 7 de janeiro ainda estão usando seus propulsores de plasma krypton para elevar suas órbitas desde a órbita de implantação, a 290 quilômetros, até a altitude operacional a 550 km. Até então, os painéis solares dos satélites estão posicionados para reduzir o arrasto.
Ilustração artística de satélites Starlink.
Créditos: SpaceX / divulgação
Como resultado, por enquanto, um DarkSat continua sendo tão brilhante quanto seus companheiros anteriores. Observações dos Starlink comuns comparada com um Starlink DarkSat mostram que o brilho, no momento, é idêntico.
Espera-se que os satélites atinjam a altitude operacional e depois alterem o posicionamento de seus painéis solares, o que deve acontecer no fim de fevereiro.
O DarkSat é a solução?!
Depende do ponto de vista (literalmente!). Para observadores do céu noturno será magnífico, já que, ao sair do alcance da visibilidade humana, eles não irão contribuir com a poluição luminosa e não irão arruinar uma noite de observação de estrelas.
Por outro lado, para o estudo científico, algumas magnitudes a menos ainda não serão suficientes, podendo atrapalhar bastante a observação por grandes observatórios. Por conta dos sensores utilizados em observações profissionais, os possíveis problemas incluem pixels saturados e embaralhamento entre pixels e imagens fantasmas, diz Patrick Seitzer, que está trabalhando sobre o impacto dos satélites Starlink com a SpaceX.
A SpaceX também planeja fornecer dados precisos sobre os satélites Starlink, assim, os observatórios poderão evitá-los durante suas observações. Mas vale lembrar que isso não irá ajudar tanto aqueles observatórios com amplo campo de visão, nem aqueles que observam o céu durante o crepúsculo como os telescópios robóticos que buscam por asteroides potencialmente perigosos.
A SpaceX não é a única empresa a lançar satélites desse tipo. O OneWeb tem um lançamento atualmente programado para 6 de fevereiro, e o Projeto Kuiper da Amazon também envolve o lançamento de várias centenas de satélites. As conversas entre essas empresas e astrônomos profissionais também estão começando.
Ainda assim, Starlink será de longe a maior mega-constelação de satélites. Mesmo sem os resultados do seu Darksat em mãos, a SpaceX atualmente tem mais dois lançamentos de 60 satélites cada, para esse mês de fevereiro.
Imagens: (capa-ilustração/SpaceX) / SpaceX / divulgação
30/01/2020
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